Não há dúvidas. Por vezes. Mesmo com saltos altos. É preciso mostrar-se superioridade para além da altura. É preciso expor-se algumas entranhas. Ser-se voraz. Ser-se visceral. Ter-se tomates. Dizer porra. Caralho. E foda-se. E fuder. Isso de que as mulheres fazem amor e não dizem asneiras é algo demasiado ultrapassado para os meus genes. E os meus genes respiram testosterona. E eu continuo a usar saltos altos. Digo palavrões. E quando não digo crio armas mentais. Pistolas. Facas. Objetos de arremesso. E mato. Mentalmente mato. Faço amor quando quero. Quando quero fodo. E quando não quero não fodo. E da mesma forma que os homens querem o êxtase. Eu o tenho.
Não sou puta. Nem desbocada. Não
desço do salto. E nem etilicamente me perco. Nem com cachaça. Expiro classe.
Mas não há nada que me choque. E não há nada que eu não possa. Nada que eu não
possa que os homens possam. Não me chocam os arrotos. Nem os gases
indissipáveis de uma feijoada indigesta. Não me chocam as imagens de gajas
nuas. Nem as punhetas noturnas. Choca-me o despropósito. A troco de nada. Por
qualquer coisa. E só porque sim. Choca-me a certeza no cagar. Sem certeza
alguma. Só porque o ego diz que sim. Esse filho da puta do ego.
Tenho mais tomates que muito homem.
Digo o que penso e o que quero. Porque não gosto de cozinhar. Nem mentalmente
cozinho. Não gosto de tapinhas nas costas. O que é. É. Não gosto de vítimas.
Não me faço de vítima. E portanto. Só me engolem se quiserem. Porque eu não
engulo. Nem sapos. Nem gente. Muito raramente finjo. Que engulo. Mas depois
cuspo. E não gosto de passar a ferro. Mas também não me passem. Não me passem a
ferro os assuntos. Não se escondam. Mandem-me “pó” caralho quando tiver de ser.
Se tiver de ser. Que eu não sou boneca. Mas não me fodam. Não sem me darem
prazer.